Por Sayonara Pinheiro
Wlamir Cruz
As dificuldades de definir os contornos específicos de uma instalação datam de seu início, anos 1960 e talvez permaneçam até hoje. Quais os limites que permitem distinguir com clareza a arte ambiental, a assemblage e a instalações? As ambuiguidades que apresentam desde a origem não podem ser esquecidas, tampouco devem afastar o esforço de pensar as particularidades dessa modalidade de produção artística que lança a obra no espaço, com o auxílio de materiais muito variados, cujo movimento é dado pela relação entre objetos, o ponto de vista e o corpo do observador. Para a apreensão da obra é preciso percorrê-la, passar entre suas dobras e aberturas, ou simplesmente caminhar pelas veredas e trilhas que ela constrói por meio da disposição das peças, cores e objetos.
Falar de instalação nas artes visuais no Estado do RN é confundir com meu percurso de artista. Pode até parecer estranho para outros.
Desde os anos 70 percorro o universo das artes visuais do Estado. A primeira instalação que tenho registrado na memória, uma calcinha vermelha estendida em triangulo no festival de artes em umas das salas do pavimento térreo no Forte dos Reis Magos, no início dos anos 80.
Em 1883, estudante da ETFRN, envolvida em movimento estudantil sempre questionando exclusão da cultura nos movimentos políticos. O grêmio da ETFRN resolve realizar um festival de artes em 1984, onde realizei minha primeira instalação nos corredores do centro de convivência, fios vermelhos que impediam as pessoas de circular e terem acesso ao restaurante. Eu queria incomodar!
Em 1986 conheci Guaraci Gabriel no IPLANAT, atualmente SEMURB, o convenci a ir comigo em uma exposição na galeria Dorian Gray da Biblioteca Pública do Estado, conhecemos na sequencia Cicero Cunha e surgiu o Grupo Oxente, divisor de aguas na história das artes visuais do RN e um dos primeiros coletivos do Brasil. No 10° Festival de Artes realizado na Cidade da Criança, criamos uma instalação com fios de algodão em movimento iluminados com luz negra, nossa primeira ação coletiva, tentamos expor em uma galeria, mas a mostra foi frustrada no Solar Bela Vista. OXENTE SE MOSTRA, fomos expulsos no dia seguinte, a diretora alegou que não era arte, não pensamos duas vezes, levamos nossas instalações para a rua Joao Pessoa, desde aquele momento centramos muito mais nossas ações nas ruas que em galerias. Poderia citar também a instalação/ocupação do prédio Solar Joao Galvão, abandonado na época, como um marco das artes visuais contemporânea do Estado, o prédio instalação intitulada “Vômito: sinfonia incidente do declínio”, o que deu origem ao vídeo arte Só: 1,2,3, o vídeo trata de performances a partir de poesias de Civone Medeiros, neste momento já mordida pelo coletivo OXENTE.
Em 1990 depois de um tour no Sudeste do pais, onde o grupo Oxente participa de Festivais de artes em Brasília, mostras em São Paulo e Rio de Janeiro. Cada componente segue seu caminho solo, mas sempre conectados. Neste momento vou para Bruxelas estudar na Academia Royal de Belas Artes. Guaraci Gabriel segue com suas instalações gigantes no Estado, Civone parte para Áustria e Cicero Cunha trilha filosofia na academia. E as instalações nas artes visuais do RN segue seus veios múltiplos, com Jean Sartief, Vinicius Dantas, Joao Brio, Marcelo Gandhi, Rita Machado e outros.