Por Adriano Gray Caldas
Arquivo Familiar
Poema para Dorian no dia do seu aniversário
16 de fevereiro de 2009
Diga-me poeta, quem somos nós na
Hierarquia dos teus anjos?
Quem te livrou dos pesadelos noturnos,
Destas ilhas negras de medos silenciosos?
Quais as mãos que afagaram tua face
Iluminada e exausta, suor da criação.
São tantos os caminhos e os sonhos.
Nada tema poeta, somos os escolhidos,
Temos esta vocação para o mistério.
Mergulhamos o abismo e dele retornamos
Mais fortes e estranhos.
Saiba que todos os teus desejos e esperanças
Tem a medida certa do teu nome,
Dele me visto e recebo a tua benção
E proteção.
Pai
Meu pai constrói árvores,
ele conhece o mistério
das suas formas.
Das sombras retorcidas
que as envolvem,
tal serpente mítica.
Ele extrai o vermelho
e enegrecido fruto do
seu ventre.
Meu pai é um visionário,
vê planos e altiplanos
em seus voos de pássaro.
Vê as ruínas de antigas
civilizações e ódio contido
no canto do olho do homem
que de tão embrutecido pela vida,
não consegue mais chorar.
Meu pai é um dançarino,
desliza suavemente
em mil planos de cor.
Dita o ritmo dos astros
e da lua de sangue
que cobre nossos
pesadelos.
Tão inconstante é seu traço,
quanto a chama de um menino,
voa ao sabor dos ventos,
inebriado na sinestesia
das cores.